Meu melhor amigo não vai mais voltar...


Há dois anos, eu parei de postar coisas pessoais da minha vida, agora sinto a necessidade de escrever, lamento ter que começar essa história de uma forma pesada:

Em março do ano passado, meu melhor amigo faleceu.

Ninguém espera que um menino saudável de quinze anos venha a ter problemas cardíacos, ninguém espera perder um amigo porquê ele morreu, geralmente é por causa de uma briguinha, coisa que aconteceu dois dias antes de tudo acontecer.

Eu nem sei se ainda existem essas postagens no blog, mas eu costumava falar muito sobre meus amigos, principalmente uma, acontece que entre eu e ela houve uma coisa muito forte durante cerca de dois anos, e depois... quebrou. E então tínhamos uma relação passiva, nunca falei sobre isso, mas acho que isso era para não termos que separar os amigos.

Ele era um dos amigos em comum, e todo dia ele dava um jeitinho, uma tentativa, de fazer nós duas nos falarmos, mas nosso orgulho era muito maior. Ele costumava falar que estávamos faltando uma na outra, e que sem isso parecia que o mundo tava mais triste. Nós três eramos próximos. Na quinta-feira eu e ele discutimos por causa dela. 

Na sexta, fizemos as pazes, e foi a última vez que eu falei com ele.

Esse meu amigo, tinha problemas familiares muito sérios, muito mesmo, e acho que nós eramos seu porto seguro, ele contava as coisas pra gente, seus pais eram muito religiosos. Isso não é exatamente um problema, não tenho problema com a fé das pessoas, mas ele era gay. 

Ele nunca chegou a assumir, por causa da família.

No domingo, eu sai com outros amigos meus, e eu não chamei ele, de noite a mãe dele ligou para o meu celular desesperada, ele havia desaparecido. Ele havia sido pra dar uma caminhada, acreditam? Voltou no dia seguinte. 

Na terça-feira eu esperava ver ele na escola, e poder conversar com ele sobre toda essa loucura. Mas ele havia entrado em coma, problemas no coração. Eu não fui visitar ele, a mãe dele ligava diariamente para dar notícias, ele estava melhorando... até que parou de melhorar. 

No sábado ele faleceu.

Acontece que a gente compartilhava tanto, que tudo fazia eu me lembrar, ir para a sala de aula e sentar no mesmo lugar de sempre e imaginar que ele deveria estar na carteira atrás de mim, imaginar que não tínhamos terminado o trabalho em dupla, ver tanta gente hipócrita falando dele, gente que ele odiava e que faziam ele se sentir triste. 

Eu parei de ouvir músicas, até hoje, nunca terminei de ler o livro que estava lendo na época (nós tínhamos marcado citações pelo livro todo), não falo mais com aquela amiga, não visto mais a minha camiseta que ele adorava, e por esses e outros fatos é difícil admitir que eu segui em frente.

Durante semanas, quase meses, eu chorava na aula, chorava em casa, eu sentia a dor de dentro pra fora, arrancando tudo, eu não conseguia esconder, era só alguém falar o nome dele que eu desmoronava.

Uma coisa que eu percebi, é que para sair da ''bad'', tem que aceitar o que aconteceu, que não mais voltar,
tem que aceitar que o mundo não foi injusto, e sim que foi caridoso em deixar você conviver com aquela pessoa,
tem que acreditar que não foi sua culpa,
tem que ter noção de que ninguém nunca vai substituir, então não tente procurar seu amigo em outras pessoas,
e acreditem, eu passei por isso, se você ver ele na rua, não é ele,
mas o mais importante é conseguir sorrir com as lembranças, ao invés de chorar.

XOXO, Gabbi
Sorrindo ao lembrar de cada momento.